22 março, 2011

Como poderei poupar?


Actualmente, o endividamento excessivo dos consumidores é uma preocupação mundial. Com o cenário de crise com o qual nos deparamos, torna-se cada vez mais importante que as famílias tenham um controlo apertado das suas despesas para que possam chegar ao fim do mês com tudo pago.

Nunca nos ensinaram como gerir um orçamento familiar, mas é nos períodos de crise que nos apercebemos dos erros que cometemos. A gestão do orçamento familiar atravessa todas as restantes preocupações do nosso dia-a-dia. Assim sendo, o que podemos fazer para melhor gerir o nosso orçamental mensal?

Primeiramente, devemos encarar o orçamento mensal da mesma forma como encaramos a contabilidade de uma empresa, onde é feito um balanço com os activos e os passivos. Os activos serão todos os nossos rendimentos e os passivos serão todas as nossas dívidas.

Depois de definidos os activos e passivos, devemos analisar a nossa situação líquida, ou seja, aos activos iremos subtrair os passivos, para podermos analisar o resultado obtido. Caso esse resultado seja positivo, isso significa que os activos são suficientes para pagar os nossos passivos e, sendo assim, estamos no bom caminho. Porém, no caso de ser negativo, será melhor fazer uma reavaliação do orçamento, pois podemos estar endividados e sem capacidade para honrarmos os compromissos assumidos.

Experimente criar uma folha de cálculo no seu computador, onde irá anotar todas as despesas diárias, para que possa ter a noção plena de onde aplica o seu orçamento mensal. Certamente também já lhe aconteceu de levantar 20 euros de manhã e chegar à noite e ter apenas umas moedas de sobra! E depois pergunta-se: “Onde é que eu gastei o dinheiro?”. É por esta razão que se deve apontar tudo o que se gasta, nem que sejam os 22 cêntimos que gasta em pão diariamente, pois só assim se consegue identificar os gastos mais supérfluos (e estes deverão ser reduzidos ou mesmo eliminados).

Nesse mesmo documento, deverá identificar o que é pago por multibanco e o que é pago em dinheiro, para que tenha registado todos os movimentos efectuados na conta bancária. Quando no final do mês receber o extracto, deve consultar os seus apontamentos e verificar se todos os movimentos da sua conta bancária coincidem com os seus.

As despesas desnecessárias em que se aplica mensalmente parte do orçamento familiar poderão ser a justificação para que não consigamos poupar. Imagine que essas despesas têm um peso mensal de 20 euros, se as eliminar, passará a poupar no final do ano 240 euros.

Se tem possibilidade de partilhar carro, ou mesmo de usar transportes públicos, porque não o começa a fazer? Se calhar será um bom começo. Às vezes, o mudar de atitude também poderá significar mais uns euros no final do mês. O problema é que todos nós vivemos de rotinas e alterá-las nem sempre é um processo fácil e consciente.

Para uma melhor avaliação da sua situação financeira actual, comece por pensar se neste momento estará preparado para uma situação imprevista. Note que ouvimos todos os dias notícias de empresas que fecharam as portas e os seus funcionários ficaram desempregados. Imagine que isso lhe acontece. Por quanto tempo conseguiria viver com o mesmo nível de despesas?

Para podermos aguentar situações mais adversas, é necessário que as pessoas tenham um fundo de emergência, em que possa aguentar entre 3 a 6 meses o mesmo nível de despesas. Por isso, se ainda não começou a poupar, deverá fazê-lo o quanto antes. Mas não espere para o fim do mês para ver se sobra, pois certamente não irá sobrar, o ideal será definir uma percentagem ou um montante do seu orçamento e retirá-lo no início do mês para a sua poupança. Para pouparmos temos de o fazer no início (quando temos dinheiro disponível) e não no final (quando já nada há para pôr de lado).

No cenário de crise em que vivemos, o objectivo de cada família deverá passar por manter o seu orçamento mensal o mais equilibrado possível.


Andreia Leite 
Consultora-Formadora EDIT VALUE®
Técnica Oficial de Contas
Consultora Nacional de Benchmarking do IAPMEI


(Artigo publicado no Suplemento de Economia do Diário do Minho em 15/03/2011)