18 dezembro, 2014

Desemprego: três anos depois volta aos níveis de 2011


A economia portuguesa chegou ao final do terceiro trimestre com 689 mil desempregados/as, segundo dados avançados pelo INE - Instituto Nacional de Estatística. O número representa uma taxa de desemprego de 13,1%, menor do que no trimestre anterior com 13,9% e do que no terceiro trimestre de 2013, 15,5%.

Mais do que olhar para as taxas, é de salientar o facto de estes mostrarem que o total de desempregados em Portugal em setembro de 2014 coincide com o desemprego que Portugal registava aquando da entrada da Troika no país: no final de setembro de 2011, o desemprego penalizava 689,6 mil trabalhadores/as em Portugal. O valor oficializado é assim um regresso à estaca zero, isto se se analisar apenas o total de desempregados/as. Já em termos de composição do mercado laboral, e apesar da coincidência supracitada, algo mudou desde 2011, a começar pela taxa: com os mesmos 689 mil desempregados, a taxa de desemprego é hoje de 13,1% contra os 12,4% que 689 mil desempregados/as representavam em 2011.

Desde a entrada da Troika e até ao final do terceiro trimestre deste ano, a população ativa em Portugal recuou em 289,4 mil pessoas, 60 mil das quais desapareceram das faixas etárias mais novas - eram 460 mil ativos entre os 15 e os 24 anos, hoje são 401 mil.

Além do recuo na população ativa total, que caiu 5,2% desde o terceiro trimestre de 2011, também o total de empregados que a economia portuguesa absorve mudou nos últimos três anos: em setembro último, e segundo o INE, havia 231,1 mil trabalhadores/as em situação de subemprego, um aumento de 10,4% face a setembro de 2011, quando o subemprego era a solução possível para 210 mil pessoas em Portugal. O valor oficializado implica, porém, um recuo face ao pico do subemprego - 266,5 mil casos registados em 2013. Há hoje igualmente menos 5,9% de empregos na economia do que existiam em 2011, quando 4,85 milhões de pessoas tinham emprego, contra os 4,56 milhões atuais - menos 288,6 mil empregos. Assim, no terceiro trimestre de 2011, 87,6% da população ativa tinha emprego e hoje a taxa situa-se nos 86,9%.

Um novo fator a ter em atenção na evolução do mercado laboral prende-se com o tipo de emprego existente. Segundo os dados do INE para o terceiro trimestre deste ano, Portugal continua abaixo dos quatro milhões de empregos a tempo completo - são 3,9 milhões, que comparam com 4,21 milhões em setembro de 2011. Ainda na análise ao tipo de emprego, contam-se agora 595,5 mil trabalhadores/as a tempo parcial, valor que apesar de inferior ao de setembro de 2011 (639 mil), mantém o mesmo peso total de emprego que naquele ano: 13% do emprego é a tempo parcial em 2014, tal como era em 2011. Se se acrescer as situações de subemprego às situações de emprego parcial, conclui-se que estas situações eram responsáveis por 17,5% do emprego total em 2011 (representam hoje 18,1%).